quarta-feira, 10 de março de 2010

Museu de Etnografia de Ancara (Ankara Etnografya Müzesi) IV: O Café e os Turcos








Aspecto de uma sala do Museu de Etnografia de Ancara denominada "O Café e os Turcos", onde são exibidos utensílios e recriados ambientes que retratam esse elemento tão importante da cultura turca.

A origem do café é em África e remonta pelo menos ao século XIII. No entanto, poderá remontar ao século IX, a um mosteiro do sul da Abissínia, no reino Kaffa da Etiópia. Difundiu-se depois para o Iémen e em seguida para Meca. A evidência mais credível do conhecimento do café e da sua utilização como bebida, é de meados do século XV, nos mosteiros sufi do Iémen. Os muçulmanos que se deslocavam a Meca em peregrinação, terão conhecido a bebida e levaram-na para os seus países. Em meados do século XVI já teria chegado ao Médio Oriente, Pérsia, Turquia e norte de África. Depois o café difundiu-se para a Itália e resto da Europa, Indonésia e América.
Os Turcos conheceram a bebida após a conquista do Egipto pelo sultão Selim I. A difusão da bebida e a abertura de casas de café no Império Otomano ocorreu durante o reinado de Solimão, o Magnífico, no século XVI.
A primeira casa de café abriu em Istambul, Tahtakale, em meados do século XVI. O café era também oferecido em privado aos convidados, nas casas de Istambul e da Anatólia.
Em 1511 o café foi proibido devido às suas propriedades estimulantes, pelos imames conservadores num tribunal teológico em Meca. Contudo, esta proibição foi retirada em 1524 por uma ordem do sultão Selim I, com o Grande Mufti Mehmet Ebussuud el-İmadi a emitir uma fatwa a autorizar o consumo de café.
O café foi introduzido na Europa ocidental através das trocas comerciais do porto de Veneza com países africanos e com a Ásia e leste da Europa. O café foi mais amplamente aceite na Europa após o papa Clemente VIII ter aceitado formalmente o seu consumo pelos Católicos em 1600. Em 1645 abria a primeira casa de café em Veneza.
A preparação do café no Império Otomano obedecia a alguns preceitos, para os quais eram necessários diversos utensílios. Os grãos de café primeiro eram tostados e depois eram arrefecidos. Eram depois moídos e armazenados em caixas prórias. Para a preparação do café eram utilizadas cafeteiras próprias, e em algumas regiões o café era feito em braseiros. O café era depois colocado em jarros ou bules, e depois servido em pequenos copos de porcelana colocados dentro de recipientes de metal que podiam ser feitos de ouro, prata ou cobre. Como a água acompanha sempre o café turco, também foi sempre dada atenção a esse aspecto mediante a utilização de recipientes, principalmente de vidro.
Ainda hoje se mantém na Turquia parte deste ritual de preparação e consumo do café, embora a fase da moagem seja mais simplificada. Continua a dar-se grande importância ao ritual do consumo do café, existindo uma grande oferta de utensílios inspirados e copiados daqueles utilizados durante o Império Otomano.

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