terça-feira, 6 de junho de 2023

TVI aposta em séries turcas para concorrerem com as novelas da Globo


Espanhol, coreano, inglês ou alemão são apenas algumas das línguas que passámos a ouvir com mais frequência graças ao mundo do streaming. As plataformas têm cada vez mais séries e filmes oriundos de países que não os habituais Reino Unido, Estados Unidos da América ou Brasil — e muitas atingem mesmo o topo das preferências de milhões de espectadores.

A barreira linguística está cada vez mais esbatida e, também por isso, a Media Capital começou a apostar em trazer séries turcas para Portugal. “Mães e Mamãs”, “Kurt Seyit e Shura” passaram a figurar do catálogo da plataforma TVI Player, de acesso gratuito.

A novela “Mães e Mamãs”, foi lançada em 2015 e a ação decorrer nos anos 70 na Turquia. A trama acompanha a relação entre duas mulheres, ambas mães, de estratos sociais distintos. Por um lado temos Kader, oriunda de uma pequena aldeia rural, que vai parar a Istambul sozinha após um acidente. Do outro, Zeliha, uma mulher escolarizada cuja relação com um ativista termina quando este morre. Quando ambas se conhecem-se na capital turca, estão grávidas e sozinhas. O enredo promete muitos momentos melodramáticos, algo a que realizador da novela — igualmente responsável por “Milagre na Cela 7”, já nos habituou. Sim, o filme que foi um dos fenómenos da Netflix durante a pandemia.

A outra série trata-se de “Kurt Seyit e Shura”, nome dos dois protagonistas deste drama histórico. Adaptada de um romance, a narrativa acompanha Kurt Seyit, um jovem tenente turco destacado na Crimeia, e Shura, a herdeira de uma família da nobreza russa. Passando-se durante a I Guerra Mundial, o foco da história está no amor dos protagonistas, proibido neste período.

Afinal, o que justifica a aposta nas produções turcas? “É uma tendência que identificamos no mercado. Há uma maior procura dos utilizadores por este tipo de conteúdos, que estão a concorrer com outros semelhantes, da rede Globo”, conta Inês Rodrigues, gestora de produto da Media Capital, à NiT.

“Apostamos cada vez mais em conteúdos diversificados e exclusivos, procurando parcerias para complementar a nossa oferta”, continua. E ainda que as novelas e séries turcas não sejam propriamente comuns nos canais nacionais, a responsável aponta para uma certa educação do gosto propiciada pelos catálogos de plataformas, como a Netflix, a HBO ou a Amazon Prime. “As pessoas estão cada vez mais disponíveis para consumirem estes conteúdos, desde que tenham qualidade. Mesmo que não dominem o idioma”, sublinha.

Neste momento, é difícil prever qual o grau de adesão do público português a estas séries. Inês Rodrigues, porém, diz que “os resultados têm sido interessantes”. “ É um produto que as pessoas têm de conhecer, porque quando chegam ao Player estão habituadas a ter determinados conteúdos TVI”, explica. No entanto, afirma que são produções “onde as pessoas acabam por ‘cair’ e ficar”.

A Media Capital, de resto, não é a única empresa a fazer esta aposta. Em 2021, a MEO lançou o Dizi Channel, canal de séries e novelas turcas. E a SIC Mulher também já fez um forte investimento neste mercado. Além de emitir as séries “Gülperi” e “Mother”, já transmitiu produções como “Meu Pai, Meu Herói” e “The Boy”.

(Fonte: Nit)

sábado, 3 de junho de 2023

Istanbul Publishing Fellowship 2023 terá a participação de seis profissionais do mercado literário brasileiro

Programa que leva editores do mundo inteiro para encontros com agentes internacionais na Turquia, ocorre de 6 a 8 de junho com a expectativa de receber mais de 500 profissionais de 72 países.

O Istanbul Publishing Fellowship, programa que leva editores do mundo inteiro para encontros com agentes internacionais na Turquia, terá este ano a participação de seis profissionais do mercado literário brasileiro.

São eles: Jonatas Eliakim Dangelo de Oliveira (Editora Blucher), Julia Wahmann (Riff Literary Agency), Denya Rabelo (Abroadbooks); Suria Oliveira (Editora do Brasil) e Isabel Lopes Coelho (FTD Educação), participantes do Brazilian Publishers – projeto de internacionalização de conteúdo editorial brasileiro realizado por meio de uma parceria entre a Câmara Brasileira do Livro (CBL) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil); e Rayanna Pereira, coordenadora de relações internacionais da CBL e coordenadora do BP.

A 8ª edição do encontro organizado pela Sociedade Turca de Licenciamento e Direitos Autorais, em parceria com o Ministério da Cultura e Turismo turco, será sediada entre os dias 6 e 8 de junho na Biblioteca Rami, com participações presenciais e online. São aguardados mais de 500 participantes de 72 nações.

"Desde a sua primeira edição, realizada em 2016, com apenas 17 participantes de nove países, o Istanbul Publishing Fellowship cresceu consideravelmente em tamanho e relevância, tornando-se um dos eventos literários mais aguardados do ano", afirma Sevani Matos, presidente da CBL, em nota. "Estamos muito animados por novamente podermos contar com excelentes representantes do mercado editorial brasileiro para elevar o reconhecimento internacional das obras produzidas por aqui", conclui.

Para Rayanna Pereira, a participação brasileira em mais uma edição do evento é uma grande oportunidade para disseminar a nossa literatura no exterior: “Além de ter a possibilidade de conhecer e conversar com editores do mundo inteiro, criando e fortalecendo laços estratégicos com alguns dos maiores mercados globais, ainda vamos poder entender como a produção literária brasileira pode contribuir com o cenário cultural, criando melhores oportunidades para que os nossos autores e obras ganhem visibilidade lá fora”, afirma.

Além das reuniões, outro destaque da edição deste ano do programa será a passagem da bandeira de “país foco” do Uzbequistão, convidado de honra deste ano, para o México, que será o convidado de honra da próxima edição. Além disso, ocorre também a terceira edição do Istanbul Copyright Awards, chancela criada para editoras estrangeiras que contribuem para a tradução da produção intelectual turca para outros idiomas e para a promoção dessas obras em todo o mundo.

(Fonte: PublishNews)

"Kuru Otlar Üstüne" (About Dry Grasses) o novo filme de Nuri Bilge Ceylan

O primeiro filme em cinco anos de Nuri Bilge Ceylan deixou marca na competição de longas-metragens do Festival de Cannes de 2023 ao receber os elogios da crítica e o prémio de melhor interpretação feminina, entregue a Merve Dizdar.

Em "Kuru Otlar Üstüne" (About Dry Grasses), um dos mais aclamados cineastas da atualidade, vencedor da Palma de Ouro em 2014 com "Sono de Inverno", volta a filmar nas belíssimas e inóspitas paisagens da Anatólia, onde segue o jovem professor de arte Samet que está a terminar o quarto ano de serviço obrigatório numa remota zona rural.

O sonho de regressar a Istambul esfuma-se quando é acusado de abusar de uma aluna. Angustiado, aproxima-se de Nuray, uma colega de profissão que lhe oferece apoio emocional.

O filme será lançado nos cinemas portugueses pela Leopardo Filmes.

(Fonte: Film Spot)

sexta-feira, 2 de junho de 2023

Hayriye Yalçin: A chef que trocou Ancara por Lisboa


Viajou por toda a Turquia para conhecer a diversidade da sua cozinha, do famoso şiş kebap feito em Adana até à baklava de Gaziantep. Vive em Portugal desde 2019.

O segredo do şiş kebap é a carne ser cortada em pedaços muito pequenos, juntando-se um pouco de gordura e misturando-se tudo muito bem. Sempre com as mãos. Adiciona-se especiarias, mas não demasiadas, pois não se quer perder o sabor da carne", explica Hayriye Yalçin, chef turca a viver há quatro anos em Portugal, referindo-se a um dos pratos mais típicos da gastronomia do seu país. Comento que estive há umas semanas em Adana, com fama de ter o melhor şiş kebap, e a chef Hayriye confirma que sim, que essa cidade do Sul da Anatólia é mesmo a mais reputada na arte de fazer os pequenos rolos de carne picada que vão à grelha. "Não confundir com o döner", aquilo que na Europa Ocidental muitas vezes chamamos de Doner Kebab, a carne que vai rodando num espeto, assando aos poucos, e fatiada na hora de servir.

Nascida em Ancara, a capital turca, Hayriye foi especialista de emergência médica, enfermeira, trabalhou numa farmacêutica também, foi igualmente gestora de vendas. Mas houve um momento da vida em que se decidiu pela paixão de sempre: a cozinha. "Sempre gostei de cozinhar. Aprendi muito com a minha mãe e depois viajei por toda a Turquia para conhecer a gastronomia de cada região. Temos muita diversidade, muitas influências culturais ao longo da história, por exemplo árabe e arménia, e isso reflete-se na nossa comida", sublinha.

Prestes a celebrar o primeiro centenário, a República da Turquia é herdeira do Império Otomano, que existiu durante seis séculos e se estendia por Europa, Ásia e África. Ainda hoje, as fronteiras turcas vão dos Balcãs ao Cáucaso, do mar Negro aos confins da Síria, do Iraque e do Irão, o que se reflete na extrema diversidade das tradições gastronómicas. "Por exemplo, em Adana, onde estudei na universidade, a carne domina, sobretudo a de borrego, mas em Istambul e na costa do Egeu, como em Izmir, come-se muito peixe, muitos produtos do mar. Noutras partes da Anatólia, são os vegetais que dão origem a pratos deliciosos", acrescenta a chef, no final de uma apresentação sobre a Cozinha de Hatay promovida pelo embaixador turco em Lisboa, Murat Karagöz, na residência oficial. "A província de Hatay é vizinha da Síria e tem naturalmente uma cozinha turca influenciada pela cultura árabe", diz Hayriye, que preparou várias receitas regionais.

Durante a apresentação, Hayriye mostrou como se preparam os pratos dados a provar. O segredo dos deliciosos sabores da gastronomia turca está nos pormenores da confeção, mas igualmente na qualidade dos ingredientes. A forma como preparou o şiş kebap encantou a assistência, um misto de convidados portugueses, vários embaixadores acreditados em Lisboa e membros da comunidade turca. A chef chegou a trabalhar em alguns restaurantes em Portugal, como o Midori (que tem uma estrela Michelin), mas agora atua de uma forma mais intimista, indo a casa de quem quer oferecer um pequeno-almoço ou um jantar de comida turca aos amigos, e preparando tudo para uma refeição diferente, uma experiência de cozinha da Anatólia. Aos 34 anos, confessa que vive finalmente o sonho de criança: cozinhar.

Conhecido pela tradição de hospitalidade - um dos trunfos do turismo, a par das praias e dos impressionantes monumentos históricos -, a Turquia destaca-se também na doçaria, uma arte que a chef Hayriye confessa dominar, o que nos dá o mote para falarmos da baklava, massa com pasta de nozes, banhada em mel e que pode ter pistácios ou avelãs. "É o doce mais popular, mas a forma como é feito varia de região para região. Umas vezes é cozido, outras é frito. Mas os ingredientes são os mesmos. E Gaziantep tem a melhor baklava", explica a chef turca, que aconselha também a experiência do chá e do café turco.

País de maioria muçulmana mas com uma tradição laica, a Turquia produz vinho e cerveja e ainda o típico Raki. Mas há também uma bebida não alcoólica muito apreciada, o ayran, "uma mistura de iogurte, água e sal servido muito fresco". Digo à chef que provei ayran em Adana, a acompanhar o şiş kebap, e é realmente refrescante e vai muito bem com a carne grelhada. "E não esquecer de acompanhar com um ou dois lokum quando beber um café turco", lembra Hayriye, entre risos, referindo aos cubos chamados de delícia turca, com consistência de geleia e cobertos por açúcar em pó. Nos seus planos, acrescenta a chef, está a abertura em Lisboa de um restaurante turco que se chamará Aheste e ficará na zona de São Bento.

(Fonte: DN)