sexta-feira, 13 de abril de 2007

Estreou em Março o filme que retrata a vida do poeta turco Nazim Hikmet


Estrou em Março, na Turquia, o filme "Mavi Gozlü Dev" (O Gigante de Olhos Azuis), o novo filme de Biket İlhan que retrata a vida do poeta Nâzım Hikmet, a figura mais famosa da literatura turca do século XX. A perseguição de que foi alvo durante grande parte da sua vida, converteram-no no símbolo da luta pela liberdade de expressão no seu país e fora dele.
O título do filme deriva do poema com o mesmo nome, no qual Nâzım Hikmet se compara a um gigante de olhos azuis, com grandes aspirações face à simplicidade da mulher que ama, o que fez com que ao longo da sua vida as suas relações amorosas fossem desastrosas.
O filme centra-se no período de reclusão de Nâzım Hikmet na cadeia de Bursa, condenado pelas suas ideias comunistas. No entanto, recorre à juventude do poeta e às actividades políticas que o levaram à prisão.
Destaca-se a interpretação de Yetkin Dikinciler que interpreta o poeta, e a fotografia de Claudio Bolivar.
O actor, que é extremamente parecido fisicamente com Nâzım Hikmet, reconheceu a dificuldade do seu papel, o de maior importância que desempenhou até ao momento. "Sempre que precisava, sentia que Nâzım Hikmet estava ao meu lado. Um só verso dos seus poemas pode servir de guia a muita gente", afirmou Dikinciler numa entrevista concedida ao diário turco Milliyet.
A admiração que Nâzım Hikmet causa ainda em toda a Turquia está bem presente quando o público aplaude a cena do filme que mostra os companheiros de prisão do poeta entoando os versos do poema "'Este é o nosso país".
Nâzım Hikmet nasceu em 1901 na cidade de Tesalónica, actualmente na Grécia, onde o seu pai era governador. No entanto, rapidamente abandonou os desígnios da sua família aristocrática e interessou-se pelas condições de vida dos camponeses da Anatólia. Entre 1922 e 1925 participou nos intercâmbios estudantis estabelecidos entre a Turquia e a recém criada URSS, onde Hikmet receberia a influência de Maiakowsky e dos poetas futuristas russos. Na Rússia abandonou a métrica da poesia tradicional turca e começou a experimentar o verso livre.
A participação em diversas publicações ligadas ao Partido Comunista Turco levaram-no à prisão em 1933 e, posteriormente, em 1938, quando foi condenado a 28 anos e quatro meses de prisão.
Nessa época, narrada no filme de Biket Ilhan, Hikmet tinha-se consolidado como um grande poeta de renome internacional graças à sua apresentação em França por Louis Aragon. Foi libertado em 1951, graças à pressão do Comité Internacional para a Libertação de Nâzım Hikmet, formado entre outros por Pablo Picasso, Pablo Neruda e Tristán Tzara. Despojado da nacionalidade turca, Hikmet teve de refugiar-se na União Soviética, onde morreu em 1963.
Num número especial do diário Radikal, o romancista Orhan Pamuk recordava recentemente o exemplo de Nâzım Hikmet e a perseguição dos intelectuais críticos na Turquia.

1 comentário:

Darlan M Cunha disse...

Há muito tempo conheço a história deste grande poeta (não pela vida conturbada... falo aqui de sua literatura que, embora não seja excepcional, merece atenção). A primeira vez que ouvi falar dele foi através da descrição que Pablo Neruda fez dele no seu livro "Confesso que vivi". Interessei-me, procurei, e não me arrependi. Fiz postagens com textos dele nalgumas de minhas páginas na Internet.

Belo blog é o teu, bem cuidado. Abraço.
Darlan M Cunha (Brasil).