sexta-feira, 13 de abril de 2007

Estreou ontem, em Portugal, o filme Turco "Climas", de Nuri Bilge Ceylan


No actual mapa dos cinemas do mundo, a Turquia está uma vez mais representada com um nome de eleição. Depois da obra de Yilmaz Güney, trágica pelos anos de prisão e interrompida pela sua morte prematura, é o nome de Nuri Bilge Ceylan que nos alerta para uma cultura, mas também para um modo de vida e de olhar a vida, e para uma forma de fazer cinema - e de nos levar a vê-lo - que nem sempre suscita como mereceria a nossa curiosidade.
Algo esmagada entre um mundo muçulmano, que teimamos em não compreender, e uma realidade asiática, que preferimos ignorar, e uma Europa que de certa forma tememos que venha a pertencer de direito, a obra premiada de um cineasta como Ceylan, juntamente com o fascinante universo de um escritor como Orham Pamuk, Prémio Nobel da Literatura em 2006, vêm obrigar-nos a olhar para este mundo, mágico pela cultura milenar, empolgante de contemporaneidade.
Nuri Bilge Ceylan, cineasta e argumentista de 48 anos, é um dos pontos urgentes, alguém com obra autónoma, com olhar próprio, com estilo, com "escrita" pessoal.
"Climas", que estreou ontem em Portugal, tem desde logo um duplo significado. Aqui, além da sucessão do clima como personagem cinematográfica, retrata-se também o ambiente interior.
Estamos na presença do diário de uma relação em crise entre um professor universitário e a sua esposa, mais nova, directora artística de um canal de TV. Num estilo que por várias vezes tem sido associado ao universo de Antonioni, a que se juntaria agora o de Bergman, pelo ensaio sobre a ruptura de um casal e da impossibilidade de comunicação, Nuri Bilge Ceylan solicita a comunhão, mais do que a cumplicidade, do nosso olhar.
Com ele, perscrutamos o rosto das personagens e a sua inscrição na paisagem que as rodeiam, sentimos-lhes o espírito, apalpamos aquilo que as junta e sabemos o que é que as dilacera.
Prémio da Crítica Internacional em Cannes, "Climas" é a quarta longa-metragem de Nuri Bilge Ceylan e conta a história de uma ruptura sentimental, ao sabor das estações, que se inscreve na tradição de Bergman e Antonioni.
O filme é protagonizado pelo próprio realizador e pela sua mulher, Ebru Ceylan, no papel de Bahar e Isa, duas figuras solitárias arrastadas pelo seu clima interior, eternamente em mudança, e em perseguição de uma felicidade que já não lhes pertence.

Ficha Técnica:

Título: "Climas"
Título Original: "Iklimer"
Realização: Nuri Bilge Ceylan
Elenco: Ebru Ceylan, Nuri Bilge Ceylan e Nazan Kırılmiş
Género: Drama
País: França/Turquia
Ano: 2006
Duração: 101 min.

Único senão: o filme só estreia, para já, em Lisboa.

(Fonte: JN, Diário Digital)

Pode ver o trailer do filme aqui.

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