sexta-feira, 13 de abril de 2007

Orhan Pamuk regressou à Turquia para escrever novo romance

Apesar das ameaças dos ultranacionalistas, o escritor Orhan Pamuk, Nobel da Literatura em 2006, regressou a Istambul - cidade onde nasceu e que transformaria em grande protagonista da sua obra literária. E voltou para escrever o seu próximo romance. 

O escritor deixara a sua cidade sob escolta policial no dia 1 de Fevereiro, após o assassínio, por parte dos ultranacionalistas Turcos, do jornalista de origem Arménia Hrant Dink, ocorrido no passado dia 19 de Janeiro. A retirada do vencedor do Nobel, dias depois, foi justificada pelo facto do homem que a polícia suspeitava ter assassinado Dink - jornalista de quem o escritor era amigo - estar a planear um crime contra Pamuk. 

Sem fazer quaisquer declarações públicas, e num clima de discrição, Orhan Pamuk voltou à sua casa em Istambul, deixando assim os EUA, onde se instalara entretanto, alegadamente para dar aulas na Universidade de Colúmbia, Nova Iorque, com a qual tem um acordo. 

Segundo a sua editora, a Iletişim, Pamuk pretende ficar na Turquia pelo menos até Setembro, altura em que deverá dar por concluído o seu novo romance - Masumiyet Muzesi (que em português significa Museu da Inocência) - com edição prevista para o final deste ano. 

Há dois meses, quando abandonou o país, Orhan Pamuk foi acusado de "cobardia", nomeadamente pelo director do diário Akşam, ao não admitir que a sua saída não se devia a um simples convite para dar aulas numa universidade Norte-Americana. No mesmo sentido, outro diário, o Sabah, assegurava que o escritor levantara uma larga soma de dinheiro da sua conta pessoal, decidido "a não regressar por muito tempo". O que um e outro jornal sugeriam é que a saída de Pamuk se devia a ameaças pelo facto de ser um dos nomes mais odiados por parte dos ultranacionalistas Turcos. Os mesmos que o haviam acusado de traição à pátria quando o escritor afirmou, numa entrevista a um jornal Suíço, em 2005, que a Turquia fora responsável pelo genocídio do povo Arménio durante a I Guerra Mundial. Pamuk teve de ir a tribunal, mas o julgamento seria anulado. Agora, dois meses depois de sair, Pamuk regressa e tenta que esse regresso fique no silêncio.

(Fonte: DN)

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