domingo, 31 de dezembro de 2006

O Festival do Sacrifício (Kurban Bayramı) começa hoje


O Festival do Sacrifício (Kurban Bayramı) é celebrado dois meses e dez dias depois do Festival do Ramadão ou Festival do Açúcar (Ramazan/Şeker Bayramı), constituindo o feriado nacional mais longo da Turquia.
Trata-se da celebração do sacrifício de Abraão ao seu filho Ismael. De acordo com a crença muçulmana sacrificam-se animais, essencialmente borregos, mas também carneiros, vitelas e vacas. Segundo a tradição islâmica, todos os devotos que tenham possibilidades económicas deverão comprar um desses animais. Nos últimos anos, os muçulmanos começaram a fazer doações para instituições de caridade em vez de sacrificarem animais. No entanto, ainda é um hábito muito comum na Turquia, que pode acontecer mesmo à porta de casa, embora só seja permitido fazê-lo em locais próprios para o efeito. Os donos dos animais sacrificam-nos de acordo com tradições muçulmanas e com a assistência de um talhante, principalmente durante a manhã do primeiro dia do Kurban Bayramı. Ainda de acordo com as tradições muçulmanas, um terço da carne deve ser cozinhada de imediato em casa do dono do animal, outro terço da carne deve ser distribuída pelos pobres, e o último terço deve ser distribuído pelos vizinhos e familiares.
O Kurban Bayramı este ano acontece nos dias 31 de Dezembro de 2006, e nos dias 1, 2 e 3 de Janeiro de 2007.
Nos últimos anos, os bayram foram perdendo o seu cariz religioso e passaram a ser mais uma oportunidade para férias. Isto significa que todo o tipo de meios de transporte e hotéis estão superlotados nesta altura, e são mais caros do que o habitual. No entanto, no seio das famílias mais conservadoras, os jovens continuam ainda a visitar os membros mais velhos da família, beijando-lhes a mão e levando-a à testa. Antigamente os mais velhos colocavam dinheiro dentro dos lenços, e davam às crianças que lhes beijavam as mãos. No entanto, no que diz respeito aos lenços, essa tradição está a desaparecer. Em algumas famílias, os membros da família encontram-se na casa do elemento mais velho, para celebrarem o bayram e almoçarem juntos. Lokum, chocolates, rebuçados, sarma, börek, entre outros, são oferecidos aos convidados nesses dias, para além do sempre presente chá turco.

sexta-feira, 29 de dezembro de 2006

"A Vida Nova" de Orhan Pamuk


Até que ponto a leitura de um livro pode mudar uma vida? Este é o ponto de partida de "A Vida Nova", terceiro romance do escritor turco Orhan Pamuk agora editado em Portugal pela Presença. Realismo mágico, grotesco e ironia com a assinatura do Nobel de 2006. 

Ao percorrer o conjunto de entrevistas, biografias e artigos publicados na imprensa internacional sobre o mais recente Nobel da Literatura há um detalhe que se destaca, se repete, e que, no percurso criativo do mais famoso dos escritores turcos, representa muito mais do que curiosidade: a vista da janela da sua penthouse sobre Istambul. A cidade-ponte entre Oriente e Ocidente é a grande personagem e a metáfora do universo literário de Orhan Pamuk. Quem melhor resumiu essa janela e a sua simbologia foi Salman Rushdie. "A sala de trabalho do escritor Orhan Pamuk tem vista para o Bósforo, essa lendária faixa de água que, conforme o ponto de vista, separa ou une – ou talvez separe e una – os mundos da Europa e da Ásia. Não pode haver cenário mais apropriado para um escritor cujo trabalho faz praticamente o mesmo." Da janela de Pamuk avista-se o mar de Mármara e o Corno de Oiro, o Palácio Topkapı, o Bósforo e a tal ponte que aproxima as duas margens (Este e Oeste), exactamente como faz o escritor nos seus livros ao cruzar nas mesmas páginas as duas culturas. Foi dessa janela que ele sempre viu o mundo, num edifício, a que chamam "Apartamentos Pamuk", uma construção da família. Cada um dos seus cinco pisos era habitado por familiares do Nobel. Foi lá que ele cresceu; é lá que ainda vive e é com essa vista que escreve e escreveu cada um dos seus romances, onde se destacam "Cidadela Branca" (1985); "O Jardim da Memória" (1990); "A Vida Nova" (1994); "O Meu Nome é Vermelho" (2000) e "Neve" (2004). A estes títulos, acresce Istambul: Memórias e Cidade (2005) ainda sem edição em Português. 

Após editar em Portugal os dois primeiros títulos, a "Presença" segue a ordem cronológica da obra de Pamuk e acaba de publicar "A Vida Nova" (traduzido do Francês por Filipe Guerra), um romance sobre a perseguição do amor e da beleza e que é, simultaneamente, uma viagem pela Turquia tradicional e moderna, retrato grotesco e mágico de um país em transformação. Quando foi publicado, em 1994, "A Vida Nova" foi o maior "best-seller" de sempre naquele país (200 mil exemplares vendidos em poucos meses). Mas a popularidade de Orhan Pamuk só viria a ganhar uma dimensão internacional à altura muito tempo depois, em 2005, e não tanto graças à difusão da sua obra – traduzida em mais de 40 idiomas –, mas sobretudo devido a um "escândalo" político que o levou a tribunal acusado de insulto ao Estado turco. Na génese mediática provocada pela ira ultranacionalista estiveram declarações de Pamuk ao jornal suíço "Tages Anzeiger". Numa entrevista publicada a 6 de Fevereiro de 2005, acusou a Turquia do genocídio arménio durante a Primeira Guerra. "Trinta mil e um milhão de Arménios foram mortos nas suas terras e ninguém além de mim se atreve a falar disso,” disse então. A frase, mas sobretudo a palavra "genocídio”, valeu-lhe a acusação pelo Ministério Público "de ter depreciado notoriamente o espírito turco”, podendo incorrer numa pena de três anos de prisão. O nome de Orhan Pamuk saía do círculo fechado dos admiradores de literatura. Alvo de censura, “perseguido” num país que queria aderir à União Europeia e assinara a Convenção dos Direitos Humanos mas que aplicava uma lei contrária aos princípios internacionais –, como lembrava ainda Rushdie -, o escritor ganhou estatuto de personalidade internacional. Pamuk não foi condenado. O julgamento seria anulado numa altura em que o seu nome já constava da lista de favoritos a vencer o Nobel da Literatura. Não ganhou em 2005, ganharia em 2006. Falou-se de um prémio político com mensagem óbvia em tempo de tensão entre os dois lados do Bósforo, o rio de Pamuk. Mas não se ouviram vozes a questionar o mérito literário do autor de "A Vida Nova" que, no dia em que ganhava o Nobel, voltava a sublinhar a que é a sua grande marca criativa: "A imagem do Oriente e do Ocidente em choque é uma das ideias mais perigosas dos últimos tempos." Disse ainda que o seu trabalho era "o melhor exemplo de quanto pode ser frutífero o intercâmbio de culturas.° A introspecção de Osman Escritor político? Ele diz-se apenas escritor, apesar da política estar em todas as suas obras. Mesmo quando se limita a descrever a melancolia de Istambul – onde nasceu há 54 anos –, nas páginas de "A Vida Nova". Essa melancolia – ou "hüzün" em Turco – está nos percursos citadinos do protagonista, narrador introspectivo que outro escritor, o norte-americano John Updike, comparou a Proust. O caminho que Pamuk narra é o de um jovem universitário de 22 anos, Osman, a quem morreu o pai e que vive com a mãe, mulher solitária que mata serões em frente à televisão. Ele? Leu um livro e a partir dessa leitura mudou a vida. "Um dia li um livro e toda a minha vida mudou" São as primeiras palavras de "A Vida Nova". A editora transformou-as em "slogan" de campanha de promoção do romance e, em 1994, a frase correu as livrarias do país de Pamuk, o mesmo país que Osman percorreu após essa leitura obsessiva que mudou a sua visão do mundo. "O meu universo de outrora rodeava-me por todos os lados, em todas as ruas: as montras das familiares mercearias, as luzes ainda acesas na padaria da Praça da Estação de Erenköy, as caixas diante do lugar da fruta e dos legumes, as carroças, a pastelaria "A Vida", os camiões desengonçados, os toldos e as caras sombrias e cansadas. Mas uma parte do meu coração – a parte em que trazia o livro, como quem dissimula um pecado - já sentia apenas indiferença por todas estas sombras que tremelicavam nas luzes nocturnas. Queria fugir de todas estas ruas familiares, da melancolia das árvores molhadas pela chuva, das letras néon que se reflectiam nos charcos de água do asfalto e dos passeios, das luzes do talho e da mercearia. Soprou um vento ligeiro, caíram gotas de água das árvores, ouvi um estrondo e decidi que o livro era um mistério que me estava destinado." A perseguição e a história Osman lê e relê esse livro-mistério, transcreve-o, transforma-o na sua razão de vida e por ele abandona todas as suas rotinas, deixa a universidade, sai de casa. E não esquece a rapariga que viu um dia a ler esse livro e o levou a imitá-la na leitura. Ela chama-se Canan é estudante de arquitectura, namorada de Mehmet, o primeiro dos três a ler o conteúdo desse volume que tem o poder de mudar a existência de quem o decifra. O mesmo Mehmet que Osman julga ver morrer assassinado e que Canan irá procurar por toda a parte. O mesmo Mehmet que disse a Canan: "Disse Mehmet a Canan:"... nas terras descobertas à luz do livro, rondavam sem parar a morte, o amor e o terror, sob o aspecto de personagens desesperadas, de pistola à cinta, semelhantes a fantasmas." Osman ama Canan que ama Mehmet e quem ama chama ao amado "Anjo", assim, com maiúscula, ente mágico com uma carga quase sobrenatural atribuída por um livro que tem um poder de conversão que se assemelha ao religioso. Imperativo de mudança de vida, viagem interior paralela a uma outra, pelas estradas da Turquia, quase sempre de autocarro. É essa a janela a partir da qual Osman vê o mundo, as suas imagens, indo de cidade em cidade. Autocarros com um televisor "instalado por cima do assento do motorista", rodeados de naperons e a passar filmes americanos onde a cada beijo se faz silêncio em todos os bancos, "pouco importava o tipo de passageiros, podia tratar-se de camponeses carregados de cestas de ovos ou de funcionários com malas de executivo”. Osman segue sozinho ou ao lado de Canan, parceiros na busca dessa verdade, ladrões de vítimas de acidentes para sobreviver nessa caminhada. "Porque é que se pensa com palavras, mas se sofre por causa das imagens?", indagará. Perseguem o amor e os segredos que o livro encerra, seguindo sem destino predeterminado por um país em transformação num tempo que podem ser os anos 70 ou 80 do século XX. Numa cidade do interior – Güdül – alguém discursa contra a América e os Americanos. "Quais são as suas intenções? Insultar tudo o que é sagrado aos olhos da nossa cidade, desde há séculos profundamente arreigado – com as suas mesquitas, os seus mescid e as suas festas religiosas – à nossa religião e ao profeta, aos cheques e ao monumento de Atatürk! Não, recusamo-nos a beber vinho, não, jamais podereis obrigar-nos a engolir Coca-Cola!" E tudo com uma enorme ironia que vai temperando o que no início ameaça ser um livro apenas com os ingredientes do realismo mágico. Não é. Ao longo dos anos, os críticos foram-no comparando a Borges ou a Calvino. Pamuk é Pamuk. Escritor influenciado pela literatura europeia mas perfeitamente marcado pela cultura turca com todas as suas tradições mas tocado pela modernidade. Talvez seja mesmo esse o seu maior traço. Essa releitura actualizada da história a que pertence com a qual ganha uma dimensão universal." Atente-se nas palavras de Osman a Canan: "... Como muitos rapazes da minha idade sabem, o apelo da noite, que serve como substituto do desejo sexual não satisfeito, consiste em um tipo lançar-se pela rua escura na companhia de dois ou três malandros sem esperança, para soltar urros desesperados, para invectivar os transeuntes, em confeccionar bombas destinadas a fazer ir as pessoas pelos ares [...] em perorar a propósito da conspiração internacional que nos condena a levar esta vida miserável. E acho que o palavreado deste género tem o nome de história.” (A viagem de Osman é acima de tudo uma viagem no tempo numa descoberta pessoal. "O que é o tempo? Um acidente! O que é a vida? O tempo. O que é um acidente? Uma vida, uma vida nova!”. ”Estes pensamentos ocorrem-lhe no início dessa que se há-de revelar um longa jornada. Já próximo do fim dirá: "O que é a vida? Um lapso de tempo. O que é o tempo? Um acidente. O que é um acidente? Uma vida. Uma vida nova." (Fonte: Diário de Notícias)

terça-feira, 26 de dezembro de 2006

"A Noiva" de Joana Vasconcelos está em Istambul



Foi inaugurada no passado dia 21 a 1.ª edição da Feira de Arte Contemporânea de Istambul. Até ao dia 24 de Dezembro, o Centro de Congressos e Exposições de Istambul, acolhe cerca de 180 artistas representados por 55 galerias provenientes de diferentes países, nomeadamente, Estados Unidos, França, Alemanha, Áustria, Bélgica e China. O grande objectivo dos promotores do evento é a introdução de Istambul no circuito das principais feiras internacionais de arte contemporânea e torná-lo numa plataforma de lançamento da nova geração de artistas turcos.
Por outro lado, o “Istanbul Modern”, primeiro museu da cidade dedicado à arte contemporânea, não está a ver correspondidas as suas expectativas iniciais no que concerne à captação de público. Teve de ajustar drasticamente as previsões de dois milhões de visitantes para um milhão, nos primeiros dois anos de funcionamento. Desde Dezembro de 2004 foram organizadas 16 exposições.
Actualmente está em exibição (até 2 de Fevereiro) a segunda exposição internacional da instituição: “Venice-Istanbul” que apresenta uma selecção de alguns dos trabalhos que integraram a 51.ª edição da Bienal de Veneza. A famosa obra “A Noiva”, um lustre colossal feito com tampões "OB", da portuguesa Joana Vasconcelos, integra a mostra.
A partir de Janeiro o museu contará com uma novo director: David Elliott, director fundador do Tokyo's Mori Art Museum, que já tornou públicas algumas estratégias para inverter o cenário, nomeadamente o alargamento do horário de abertura ao público.

(Fonte: Arte Capital)

sábado, 16 de dezembro de 2006

Mevlana e o Sufismo


Mevlana Celaleddin Rumi é um dos maiores líderes espirituais e génios poéticos da história humana, tendo sido o fundador da ordem sufi mevlevi, uma corrente espiritual mística do Islão.
Nasceu em Balkh, no Afeganistão, em 1207, no seio de uma família de teólogos letrados persas. O seu pai era um conceituado professor que foi galardoado com o título de Lorde dos Sábios. Para escapar à invasão mongol, Rumi e a sua família viajaram por diversos lugares, fixando-se por fim em Konya, na Anatólia central, onde sucedeu ao seu pai, em 1231, como professor de ciências religiosas.
Mevlana estudou exaustivamente todos os aspectos da Filosofia, e foi um leitor ávido das obras dos autores clássicos. Em 1244 conheceu um dervixe perturbador, Şemseddin Tebrizi (Shamsuddin de Tabriz). Tornaram-se amigos rapidamente, e passaram dias e semanas juntos em discussões filosóficas. O seu amor por Şemseddin e o sofrimento pela sua morte misteriosa, ganhou expressão na música, dança e na poesia lírica através da obra Divani Şamsi Tabrizi.
Hüsameddin Çelebi ajudou-o a continuar as suas especulações filosóficas, e inspirou-o a escrever a sua grandiosa obra: Mesnevi, uma colecção de 25 600 poemas com seis volumes.



Mevlana morreu a 17 de Dezembro de 1273 e foi sepultado em Konya, onde foi construído um mausoléu sobre o seu sarcófago. Desde então, aquela noite foi chamada Şeb-i Aruz (Noite da União).



O Pensamento de Mevlana

Mevlana foi um homem de amor e de afeição e influenciou o pensamento, literatura e todas as formas de expressão artística no mundo islâmico. O seu objectivo era a unificação com Deus. Segundo ele, Deus não tem lugar no universo, mas sim no coração. Assim sendo, o homem deve obedecer ao coração e não à razão.
"Vem, vem de novo, quem quer que sejas, o que quer que sejas, vem: pagão, venerador, cheio de pecados de idolatria, vem. Vem mesmo que tenhas quebrado a tua penitência centenas de vezes, a Nossa não é a porta para o desespero e para o sofrimento, vem".

A Ordem Mevlevi

A Ordem mevlevi é uma ordem islâmica mística fundada pelos seguidores e devotos de Mevlana depois da sua morte.
Mevlana, durante a sua vida, nunca foi líder de uma ordem nem fundou a ordem como tal e também não criou a irmandade. Foi, contudo, a sua aproximação mística que uniu um grupo de pessoas na busca de um caminho para o pensamento esclarecido, através de uma combinação única de filosofia e de amor místico.
A Ordem foi fundada gradualmente mediante os esforços do seu filho e do seu neto para manterem uma comunidade de seguidores, e pela adição de método e regras às suas ideias. Consiste numa síntese de amor espiritual, exaltado com uma combinação de música e dança, considerada como a base do êxtase espiritual e da devoção.
Durante séculos, os dervixes dançantes difundiram-se da Turquia até à Jugoslávia, e do Egipto à Índia, e hoje têm centros em mais de 75 cidades em todo o mundo.

Os Dervixes Dançantes: A Sema


A Sema, um rito de recitação conjunta praticado pelos Mevlevi, foi tradicionalmente executado na Semahane (Casa da Sema). Simboliza atingir vários níveis de união mística com Deus e de absoluta perfeição, através do fervor espiritual e do êxtase controlado. Segundo Mevlana, através da Sema, os dervixes podem estender a mão e tocar o "princípio".
A música da Sema é geralmente orquestrada pelo percussionista chefe. A percussão é feita com os kudum (pequenos tambores) e címbalos. A melodia é produzida pelo ney (flauta de palheta), pelos instrumentos de cordas e pela voz. As palavras e mesmo as sílabas da poesia estão interligadas com as notas musicais. "A música dervixe não pode ser escrita em notas. As notas não contêm a alma do dervixe".
Os passos do caminho da união com o divino são executados de acordo com regras rigorosas. Dentro de um círculo, o sheikh permanece no sheepskin. É a posição espiritual mais elevada, marcada por um tapete vermelho, que indica a direcção de Meca. Vermelho é a cor da união e do mundo visível. Existem 24 cores da união e do mundo manifestado. O posicionamento dos músicos é em frente do sheikh. Os dervixes dançantes posicionam-se à sua esquerda. Durante a actuação, os dervixes usam túnicas e saias compridas, que representam o seu refúgio. As saias são cobertas por um manto preto que representa o seu túmulo, e usam chapéus largos e cónicos feitos de pelo de camelo, representando a pedra tumular. Com a retirada do manto, no início da cerimónia, o dervixe renasce espiritualmente para a verdade.


Os dervixes dão voltas eternas e sem esforço. Giram, rodando em torno do seu próprio eixo e movendo-se também em órbita. A mão direita está virada para o céu para receber o perdão de Deus, que passa através do coração e é transmitido à terra com a mão esquerda que está voltada para baixo. Enquanto que um dos pés permanece firmemente no chão, o outro cruza-o e permite a propulsão giratória. O movimento de levantamento e queda do pé direito é mantido constante, através da repetição ritmada do nome de Deus: "Allah-Al-lah, Al-lah". A cerimónia pode ser analisada como um grande crescendo em três fases: aprendizagem de Deus, visionamento de Deus e união com Deus.

domingo, 10 de dezembro de 2006

Festival sufi em Konya



Şeb-i Arûz (Noite da União) é a cerimónia comemorativa de Celaleddin Rumi (Mevlana), o grande místico e poeta sufi, e fundador da ordem Mevlevi. Trata-se de um dos maiores espectáculos do mundo, que lembra a morte de Rumi, em 1273, a sua partida da vida terrena e a sua união com o Divino.
Mais de um milhão de pessoas dirige-se todos os anos a Konya para o festival, que decorre entre 10 e 17 de Dezembro. No mausoléu de Mevlana irá realizar-se o cerimonial místico dos dervixes dançantes (mevlevi), em honra do grande professor e pensador.

sábado, 9 de dezembro de 2006

Orhan Pamuk discursou em Estocolmo

Orhan Pamuk, o autor turco vencedor do Prémio Nobel da Literatura deste ano, num discurso proferido na quinta-feira em Estocolmo, revelou como se tornou escritor, o que sente quando escreve, e como se sentiu ao viajar com uma mala que lhe foi entregue pelo seu pai, que morreu em 2002.
O discurso, que Orhan Pamuk intitulou "A Mala do Meu Pai", incluiu as palavras que o seu pai, Gündüz Pamuk, lhe disse antes de morrer: um dia Orhan Pamuk receberia o prémio Nobel. Pamuk concluiu o seu discurso dizendo: "Gostaria tanto que o meu pai estivesse aqui entre nós neste dia."

terça-feira, 5 de dezembro de 2006

Exposição de Arte de São Petersburgo em Ancara

Exposição de Arte de São Petersburgo em Ancara
Na galeria de arte de Altındağ, está patente uma exposição de 15 artistas da Academia de Artes de São Petersburgo, até ao dia 15 de Dezembro.
Os artistas russos com trabalhos expostos são: Afanasiv Gelich, Anatoly Maslov, Anna Gelich, Anasha Azorova, Federow Alexander, Irina Borisovskaya, Lidia Azarova, Natalia Ligostaeva, Olga Sergeeva, Valery Tabulinsky, Viktor Borisov, Viktor Tatarenko, Vladimir Gorokhov, Kozachek Liudmila e Yıldız Asangali.
O objectivo desta exposição é dar a conhecer aos Turcos a arte russa. Contudo, também tem uma vertente académica, com workshops para estudantes de arte e futuros pintores e, durante a segunda semana, exibições de um documentário sobre a arte de São Petersburgo.
O evento é patrocinado pela Embaixada da Rússia em Ancara, pela Junta de Freguesia de Altındağ, pelo Sindicato dos Artistas Russos e pela Galeria de Arte El Prado em Ancara.