domingo, 4 de outubro de 2015
«Mustang» foi a produção francesa escolhida para a corrida ao Óscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. A obra estreou na Quinzena dos Realizadores, no Festival de Cannes, e tem conquistado elogios unânimes da crítica gaulesa e uma bilheteira sólida no país - onde já foi visto por mais de 443 mil pessoas.
A história desenrola-se numa pequena localidade no norte da Turquia e gira em torno de cinco irmãs que, ao regressarem a casa, brincam inocentemente com rapazes. No entanto, a sociedade conservadora onde vivem vê nisto "imoralidades" e a família irá impor medidas drásticas às raparigas, como casamentos arranjados, aos quais elas tentarão escapar para estarem juntas. O projeto da realizadora Deniz Gamze Ergüven concorreu também à Câmara d'Or (melhor filme estreante) em Cannes.
O filme não tem data prevista para lançamento em Portugal, mas poderá ser visto na próxima edição da Festa do Cinema Francês, no dia 13 de outubro.
A obra foi selecionada entre cinco outros projetos, que incluíam The Measure of a Man (La Loi du Marché), de Stephan Brizé, Summertime (La Belle Saison), de Catherine Corsini, Marguerite, de Xavier Giannoli e o vencedor da Palma d'Ouro deste ano, Deephan, de Jacques Audiard.
(Fonte: cinema.net)
segunda-feira, 7 de setembro de 2015
Música para piano e percussão de Rüya Taner e Dinçer Özer em Lisboa
Um duo de instrumentos vindo da Turquia apresenta-se amanhã à noite (20.00), no Teatro Thalia, às Laranjeiras.
Ela chama-se Rüya Taner e ele Dinçer Özer. Uma pianista e um percussionista. Amanhã, às 20.00, estes dois músicos turcos juntam-se no Teatro Thalia para um recital (organizado pela Embaixada da Turquia) com um programa muito variado.
Se for igual ao recital que deram há três meses no Steinway Hall, em Londres, há obras de autores turcos, como o conhecido Kamran Ince (n. 1960) ou o famoso pianista Fazil Say (n. 1970), e obras de pendor virtuosístico de autores da tradição ocidental, como Franz Liszt (1811-1886), Sergey Lyapunov (1859-1924) ou Claude Debussy (1862-1918).
Rüya Taner (o seu nome próprio significa "sonho" em turco) nasceu em Villingen-Schwenningen, no sul da Alemanha, no seio de uma família cipriota de etnia turca com tradições musicais. Fez estudos na Turquia (Ancara) e em Londres, na Guildhall School e na Royal Academy, onde se diplomou. Já actuou em mais de 70 países e a sua discografia inclui a gravação do seu recital de estreia no Wigmore Hall, em Londres. Hoje, para além de prosseguir carreira a solo, em música de câmara e como solista com orquestra, Taner ensina na Universidade do Mediterrâneo Oriental (em Famagusta), na parte turca de Chipre. Depois de Lisboa, Rüya irá a Kazan (Rússia), Macedónia e Copenhaga, terminando o ano em Esmirna (Turquia). Na próxima primavera, tocará em Berlim e na Sicília.
Dinçer Özer é um dos mais populares percussionistas turcos, com uma acção multifacetada, incluindo concertos pedagógicos. É membro da Orquestra Sinfónica Presidencial de Ancara, formação cuja história se funde com a antiga orquestra dos sultões otomanos, ocidentalizada por Maomé II em 1826. Quatro das peças de autores turcos em programa, incluindo a de Kamran Ince (Gates, para piano, de 2002) serão ouvidas em arranjos para percussão (ou incluindo-a) do próprio Özer. Nas peças que Rüya tocará, por seu lado, destacamos o raro Lesghinka, o n.º 10 dos 12 Estudos de Execução Transcendente, op. 11 que o russo Sergey Lyapunov dedicou à memória de Franz Liszt.
(Fonte: Diário de Notícias)
Se for igual ao recital que deram há três meses no Steinway Hall, em Londres, há obras de autores turcos, como o conhecido Kamran Ince (n. 1960) ou o famoso pianista Fazil Say (n. 1970), e obras de pendor virtuosístico de autores da tradição ocidental, como Franz Liszt (1811-1886), Sergey Lyapunov (1859-1924) ou Claude Debussy (1862-1918).
Rüya Taner (o seu nome próprio significa "sonho" em turco) nasceu em Villingen-Schwenningen, no sul da Alemanha, no seio de uma família cipriota de etnia turca com tradições musicais. Fez estudos na Turquia (Ancara) e em Londres, na Guildhall School e na Royal Academy, onde se diplomou. Já actuou em mais de 70 países e a sua discografia inclui a gravação do seu recital de estreia no Wigmore Hall, em Londres. Hoje, para além de prosseguir carreira a solo, em música de câmara e como solista com orquestra, Taner ensina na Universidade do Mediterrâneo Oriental (em Famagusta), na parte turca de Chipre. Depois de Lisboa, Rüya irá a Kazan (Rússia), Macedónia e Copenhaga, terminando o ano em Esmirna (Turquia). Na próxima primavera, tocará em Berlim e na Sicília.
Dinçer Özer é um dos mais populares percussionistas turcos, com uma acção multifacetada, incluindo concertos pedagógicos. É membro da Orquestra Sinfónica Presidencial de Ancara, formação cuja história se funde com a antiga orquestra dos sultões otomanos, ocidentalizada por Maomé II em 1826. Quatro das peças de autores turcos em programa, incluindo a de Kamran Ince (Gates, para piano, de 2002) serão ouvidas em arranjos para percussão (ou incluindo-a) do próprio Özer. Nas peças que Rüya tocará, por seu lado, destacamos o raro Lesghinka, o n.º 10 dos 12 Estudos de Execução Transcendente, op. 11 que o russo Sergey Lyapunov dedicou à memória de Franz Liszt.
(Fonte: Diário de Notícias)
segunda-feira, 10 de agosto de 2015
Filme turco premiado em Melgaço
O realizador turco Kazım Oz, em longa-metragem, Mahdi Fleifel, da Palestina, em curta e média metragem, e Leonor Areal, pelo melhor documentário, foram os vencedores da primeira edição do prémio Jean Loup Passek, atribuído pelo festival cinematográfico de Melgaço.
Em comunicado hoje, a organização do festival "Filmes do Homem", que terminou no domingo naquela vila do Alto Minho - a cargo da câmara e da Associação de Produção e Animação Audiovisual (AO NORTE) -, adiantou que os filmes premiados foram "He Bu Tune Bu/Once Upon a Time", "Xenos" e "Aqui tem gente", respectivamente.
O filme do realizador turco "retrata uma família curda, pobre e numerosa, que deixa Batman com destino a Ancara para trabalhar nos campos agrícolas. Sem quaisquer benefícios e com salários muito baixos, a família trabalha para ganhar a vida, cultivando alface". O júri do festival destacou "a forma como ficciona o real dando corpo, com apurado sentido cinematográfico, a uma narrativa que logra transformar os protagonistas curdos em personagens num contexto em que as relações pessoais e familiares interagem com o pano de fundo revelador, na Turquia de hoje, da existência de relações sociais que perpetuam a servidão". Além do galardão, o realizador recebeu um prémio pecuniário, no valor de três mil euros.
O prémio Jean Loup Passek, baptizado em homenagem ao crítico e programador de cinema francês que doou parte do seu espólio à Câmara de Melgaço, teve como júri Jorge Campos, Catarina Alves Costa, Jean-Loïc Portron, José Manuel Sande e Tiago Hespanha.
Durante os seis dias passaram por Melgaço 35 convidados, entre realizadores e produtores de cinema, investigadores, compositores e outras personalidades ligadas ao cinema e às migrações. Foram exibidos, no centro de Melgaço, nas freguesias do concelho e em Arbo, na Galiza, 25 filmes.
O programa do festival incluiu ainda, pela primeira vez, um curso de verão, intitulado "Fora de Campo", para reflexão e debate em torno do tema "Cinema e Migrações". Já as residências, cinematográfica e fotográfica, designadas "Plano Frontal", reuniram alunos de Cinema, Audiovisual, Comunicação e Fotografia que, durante nove dias, trabalharam na produção de documentários e trabalhos fotográficos sobre a região de Melgaço.
(Fonte: RTP)
terça-feira, 9 de junho de 2015
Filme turco "Kumun Tadı" eleito melhor longa metragem no festival de cinema "Olhares do Mediterrâneo"
O filme Kumun Tadi, da turca Melisa Önel, venceu o prémio de melhor longa-metragem do festival Olhares do Mediterrâneo - Cinema no Feminino, que decorreu no cinema São Jorge, no âmbito das Festas de Lisboa.
O júri distinguiu ainda a curta-metragem Não são favas, são feijocas, da portuguesa Tânia Dinis. O filme This is my land, da francesaTamara Erde, venceu o Prémio do Público.
Constituíram o júri desta segunda edição do festival a investigadora Alejandra Rosenberg, o produtor Miguel Ribeiro, programador do DocLisboa, e a actriz Rita Durão.
Os prémios foram entregues pela ex-directora da Cinemateca Portuguesa Maria João Seixas, embaixadora do festival Olhares do Mediterrâneo 2015, que decorreu no âmbito das Festas de Lisboa.
A celebração do cinema no feminino é o objectivo do Festival Olhares do Mediterrâneo, que este ano apresentou, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, perto de uma trintena de filmes realizados por mulheres de doze países mediterrânicos: Bósnia-Herzegovina, Egipto, Espanha, França, Grécia, Israel, Líbano, Malta, Palestina, Portugal, Turquia e Tunísia.
A produção portuguesa ocupou perto de um terço da programação, com obras de Joana Toste, Susanne Malorny, Margarida Madeira, Tânia Dinis, André Mendes, Andreia Neves e Laura Gonçalves.
(Fonte: Sábado)
quarta-feira, 3 de junho de 2015
Folclore ribatejano na Turquia
Uma delegação do Festival Internacional de Folclore, Cultura e Artes do Concelho de Almeirim (FIFCA) vai estar na Turquia entre os dias 10 e 17 de Junho, a representar Portugal numa iniciativa ligada à preservação, promoção e desenvolvimento do turismo cultural entre vários países.
Esta iniciativa, que vai reunir nove delegações internacionais, com as suas respetivas demonstrações de trajes, cantos e danças, realiza-se em Amasya, na zona norte da Turquia, e que é presença regular no festival que se realiza de dois em dois anos, no Ribatejo.
A delegação portuguesa é composta por 15 elementos de Paço dos Negros, Benfica do Ribatejo e Santarém, representando vários quadrantes ligados à cultura ribatejana."Esta é a primeira experiência piloto no âmbito desta nova Associação FIFCA, que pretende promover internacionalmente todas as formas de cultura do concelho e da região, através da interacção entre associações locais e internacionais", explica um comunicado de imprensa da organização portuguesa, acrescentando que "o FIFCA, depois de uma fase embrionária através do Festival Internacional de Folclore de Almeirim, deu agora um passo decisivo na sua capacidade de afirmação regional ao constituir-se como uma associação cultural de âmbito mais abrangente".
(Fonte: Rede Regional)
quinta-feira, 7 de maio de 2015
Realizadora Margarida Cardoso em Ancara
Com o apoio da Embaixada de Portugal em Ancara e do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua, a 18.ª Edição do Festival Internacional de Cinema Feminino de Ancara, um dos mais prestigiados festivais femininos da Europa e o único do género com prémio FIPRESCI, vai incluir no seu programa o último filme da realizadora portuguesa Margarida Cardoso, “Yvone Kane”. Margarida Cardoso também escreveu o argumento do filme.
Sinopse: Depois de uma tragédia que lhe roubou a vontade de viver, Rita decide voltar a África, ao país onde cresceu, e reencontrar Sara, a sua mãe. Enquanto Sara vive os últimos dias da sua vida procurando encontrar um sentido para o seu passado, Rita decide investigar o percurso de Yvone Kane, uma ex-guerrilheira e activista política cuja coragem e determinação marcou várias gerações e cuja morte nunca ficou esclarecida. Porém, apesar dos esforços, nenhuma das duas parece conseguir a redenção de que necessita…
Este é o 10.º Filme de Margarida Cardoso, que iniciou a sua carreira de realizadora em 1996 com o filme “Dois Dragões” e que já ganhou três prémios internacionais e foi nomeada para mais dois.
Margarida Cardoso estará em Ancara para participar no festival, que terá lugar entre 8 e 18 de Maio.
Datas de exibição:
Segunda-feira, 11 de Maio, 12.15
Quinta-feira, 14 de Maio, 19.00
Sábado, 16 de Maio, 14.30
quarta-feira, 6 de maio de 2015
Portugal nas celebrações do dia da Europa na Turquia
O Dia da Europa vai ser festejado um pouco por toda a Turquia entre os dias 6 e 12 de Maio.
Portugal vai participar com um stand de informação em Ancara, e com a exibição de três filmes em diversas cidades turcas.
Stand de Portugal
Data: 9 de Maio, 11.00
Local: Seğmenler Park - Çankaya – Ankara
Filmes Portugueses
“Amália – O Filme”
Realizador: Carlos Coelho da Silva - Duração: 122’’
Sinopse: História da lenda do “Fado”, Amália Rodrigues.
Locais, datas e horários:
Erzurum (Cinetekno), 8 de Maio, 18.00
Şanliurfa (Piazza Shopping Mall), 9 de Maio, 16.00
Istambul (Haydarpaşha), 10 de Maio, 12.00
“Fantasia Lusitana”
Realizador: João Canijo - Duração: 66’’
Sinopse: Imagens e sons mostram a dualidade de Portugal durante a Segunda Guerra Mundial: um pacífico país rural, que constitui uma rota de escape para mais de uma centena de milhares de refugiados europeus para as Américas, e uma elite política que disfarçava as suas inclinações nazis o suficiente para poder jogar o seu papel neutro na política internacional.
Locais, Datas e Horários:
Gaziantep (Sankopark AVM), 9 de Maio, 18.00
Izmir (9 Eylul University), 9 de Maio, 14.00
Mersin (Forum AVM), 9 de Maio, 16.00
“48”
Realizadora: Susana de Sousa Dias - Duração: 92’’
Sinopse: A realizadora portuguesa Susana de Sousa Dias usa as imagens fotografadas e filmadas pela ditadura de Salazar, que durou quase meio século, de 1926 a 1974, para mostrar a história desses anos. Ela sobrepõe a propaganda oficial do dia-a-dia, para realçar o controlo que o regime autoritário exerce sobre todas as facetas da existência humana.
Locais, Datas e Horários:
Izmir (9 Eylul University), 9 de Maio, 16.30
sábado, 18 de abril de 2015
Cristina Branco em Ancara
Cristina Branco actua hoje em Ancara, na Sala de Espectáculos MEB Şura, no âmbito do 32.º Festival Internacional de Música de Ancara.
Pode comprar bilhetes aqui.
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Dulce Pontes em Istambul
Dulce Pontes vai actuar no İş Sanat, em Istambul, no próximo dia 3 de Abril, às 20.00 horas.
Pode comprar os bilhetes aqui.
quarta-feira, 18 de março de 2015
Camané em Ancara
No dia 27 de Março, às 20.30 horas, Camané sobe ao palco do Ankara Palas.
Os bilhetes estão à venda aqui.
domingo, 1 de março de 2015
Faleceu o escritor turco Yaşar Kemal
Morreu um dos gigantes da literatura turca. Yaşar Kemal tinha 92 anos e era de origem curda.
Publicou o romance “Memed, Meu Falcão” em 1955, obra que o aclamou como escritou e que foi traduzida em mais de 40 línguas, nomeadamente em português. Recebeu 19 prémios literários, e foi o primeiro escritor turco candidato a um prémio Nobel da Literatura, em 1973.
Foi casado com Thilda Serrero, judia sefardita, que traduziu 17 das suas obras para a língua inglesa.
Faleceu num hospital de Istambul, onde se encontrava internado desde Janeiro, na sequência de complicações provocadas por uma infecção pulmonar e uma arritmia cardíaca.
“Durante toda a minha vida, o meu único sonho foi escrever um pouco mais, um pouco melhor”, disse em 2012, depois de ter terminado a sua última obra.
“Durante toda a minha vida, o meu único sonho foi escrever um pouco mais, um pouco melhor”, disse em 2012, depois de ter terminado a sua última obra.
domingo, 15 de fevereiro de 2015
"Cavalo Dinheiro" e Pedro Costa viajam até à Turquia
O realizador português, Pedro Costa, vai estar em Istambul a apresentar o seu mais recente trabalho, “Cavalo Dinheiro” no âmbito do Festival de Cinema Independente de Istambul (!f İstanbul).
O documentário "Cavalo Dinheiro", com o qual Pedro Costa ganhou o prémio de melhor realizador no Festival de Cinema de Locarno, vai ser exibido em Istambul nos dias 15 e 17 de Fevereiro.
O realizador vai também estar presente para falar sobre a sua filmografia no dia 18 de Fevereiro, às 18.00 horas, na plataforma cultural SALT de Beyoğlu.
A 14.ª edição do Festival !f İstanbul vai decorrer de 12 a 22 de Fevereiro em três cinemas de Istambul. Uma selecção de filmes vai ser também exibida em Ancara e em Izmir, de 26 de Fevereiro a 1 de Março. Em Ancara o filme será exibido no Cinema Armada, no dia 28 de Fevereiro, às 17:30 horas.
"Bairro" de Gonçalo M. Tavares editado na Turquia
Série "Bairro", de Gonçalo M. Tavares, foi publicada na Turquia com o apoio do Camões, Instituto da Cooperação e da Língua.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
A inquietação de Elif Şafak
A escritora turca Elif Şafak, nomeada para o Orange Prize for Fiction, com "A Bastarda de Istambul", o seu primeiro romance a ser editado em Portugal pela Jacarandá Editora, tem aparência cândida, transmite segurança nas suas palavras, fala pausadamente, parece apaziguada. Mas, à conversa com a autora, a mais lida na Turquia, transparece inquietação. O que um rosto transmite nem sempre corresponde ao âmago.
Şafak, nascida em Outubro de 1971, tem já um longo currículo. Com 13 livros publicados - "The Architect's Apprentice" é o último, mas ainda só está disponível no Reino Unido -, oradora, professora universitária, activista política e social, falou ao Diário Digital sobre o que a aquieta. A viver entre Londres e Istambul, revolta-se com o sexismo na Turquia, o machismo dominante. E também com a persistente negação do genocídio de milhões de arménios, que o Governo turco descreveu como sendo "simplesmente incidentes desagradáveis". O massacre entre 1914 e 1918 foi, inclusivamente, apagado dos programas escolares.
Para Elif Şafak, tal como o Irão negou o Holocausto, também o Governo turco encobre o genocídio, tentado fazer com que caia no esquecimento. E parece estar a consegui-lo. O povo já não fala do seu passado, da sua história; mas também, mesmo que quisesse, não seria capaz, foi como que obliterado. A autora revolta-se, apela à necessidade de redenção e, sobretudo, à imprescindibilidade de os turcos se solidarizarem com o povo arménio. "É urgente retomar o diálogo entre os turcos e os arménios", enfatiza.
Nascida em França, a sua mãe desistiu dos estudos depois de casar com um turco e irem viver para Estrasburgo. Separar-se-iam um ano depois. A mãe, com a escolaridade incompleta, regressou a uma Turquia sexista em que o papel das mulheres, ainda hoje, é ficarem em casa a tomar conta dos filhos. Felizmente, a avó de Elif, apesar de ter poucos estudos e acreditar em misticismo, fez questão que a filha frequentasse a faculdade e assumiu a tarefa de criar a pequena Elif. A autora transpõe esse direito à emancipação para a sua escrita. Recusa veemente que os seus textos sejam autobiográficos, mas como apartar-nos definitivamente das nossas próprias experiências? E aqui sou eu a questionar-me.
Em "A Bastarda de Istambul", o foco central é uma família, a Kazanci, toda ela constituída por mulheres; quatro gerações ao todo. Sobre os homens recai uma maldição, morrem todos por volta dos 40 anos. E porquê? Por nenhuma razão em particular, salienta, a não ser a de dar maior ênfase às mulheres. A escritora é conhecida por misturar tradições narrativas do Ocidente e do Oriente, por dar voz às minorias, às mulheres, aos imigrantes e às subculturas. E isto não podia estar mais assumido no livro que acaba de publicar em Portugal.
A narrativa começa com Asya Kazanci. Aos 19 anos, solteira, entra num consultório médico em Istambul para fazer um aborto. Por ter escrito sobre a interrupção da gravidez, Elif foi acusada de insultar a lei turca. Foi constituída arguida por um crime cuja sentença pode ir até três anos de prisão. Foi surreal, afirmou. O seu advogado "teve que ir a tribunal defender personagens fictícios". Acabaria por ser ilibada. Assume que abordar o aborto no seu livro é um manifesto. "O governo turco quis promulgar uma lei que abolisse o aborto, mas sem dar qualquer tipo de apoio às mulheres". A Turquia, a do passado e a dos dias de hoje, é um país onde "não se pode falar sobre incesto, violações, abusos sexuais nem violência doméstica". Elif Şafak critica duramente os políticos, observa que estão desfasados da realidade. "As mulheres ricas que queiram fazer um aborto viajam para o estrangeiro; as pobres recorrem a meios ilegais e sujeitam-se a morrer."
E será que se a Turquia tivesse conseguido aderir à União Europeia o panorama seria diferente? A escritora apoiou sempre a adesão como um ideal. "Há alguns anos até teria sido possível", sustenta. Mas o seu país falhou em cumprir os requisitos. E di-lo inabalavelmente. Mas também responsabiliza os políticos europeus. Responsabiliza-os por não terem percebido que seria uma mais-valia ter a Turquia no bloco comunitário. Mas, por ora, "o país terá que fazer um grande esforço, abraçar a democracia em pleno, rever a sua política em relação às minorias, à liberdade de expressão, aos direitos humanos". Desde o pedido da adesão da Turquia à UE, em Abril de 1987, a autora assistiu "a um enorme retrocesso", especialmente no que diz respeito à liberdade de expressão. "Todos os escritores na Turquia sabem que irão sofrer consequências se escreverem o que querem", sublinha.
Em "A Bastarda de Istambul", todos os capítulos falam sobre comida - os títulos são, inclusivamente, nomes de ingredientes (romã, damascos secos, amêndoas, cascas de laranja, pinhões, trigo, pistácios, avelãs torradas…), porquê? Elif Şafak, embora muito magra, gosta de comer (sim, os olhos brilham quando fala sobre comida, e sorri), mas não sabe cozinhar. O que não invalida que não leia livros sobre culinária. Aliás, diz-se muito eclética enquanto leitora; lê desde ensaios literários, livros sobre misticismo, neurociência, sobre todas as disciplinas que estou, e tem muitas referências - Milan Kundera é um deles. Mas, em "A Bastarda de Istambul", discorrer sobre comida assume-se como uma metáfora política. Todos os ingredientes mencionados "coexistem nas refeições" descritas e transformam-se em coisas belas. "Falar sobre comida equipara-se à partilha do pão e da água", é um momento solene. "A minha intenção aqui é igualar a comida como alimento para a alma."
Elif gosta de parar entre livros, de respirar. Actualmente a promover "A Bastarda de Istambul" - foi lançado na Turquia em 2007, publicou, entretanto, em 2014 no Reino Unido "The Architect's Apprentice", com a chancela da Penguin. Relativamente à obra que foi a sua estreia em Portugal, diz ter recebido várias ofertas para que fosse transposto para o cinema. Mas, tal como já foi mencionado, gosta de esperar. Talvez um dia, deixa em suspenso. Entretanto, o livro já foi adaptado para o teatro em Itália, e a peça deverá estrear este Verão.
(Fonte: Diário Digital)
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015
Elif Şafak em Portugal
A escritora Elif Şafak, autora de "A bastarda de Istambul", está terça-feira em Lisboa, na Fundação Calouste Gulbenkian, para uma conversa, aberta ao público, com a jornalista Clara Ferreira Alves.
O encontro, sob o mote "Escrever sobre tabus num mundo multicultural", está agendado para as 19:00, no auditório 3 da Fundação, à Palhavã.
A Fundação refere-se à autora turca como "uma das vozes mais originais da literatura contemporânea". O livro "A Bastarda de Istambul" foi publicado em Portugal no passado dia 09 de Janeiro, pela Jacarandá, chancela da Editorial Presença.
O ponto de partida da narrativa, cuja paisagem é Istambul, é uma jovem solteira de 19 anos, Asya Kazanci, que decidiu ir a um consultório médico, pois pretende interromper voluntariamente a gravidez. "O que acontece naquela tarde mudará para sempre a sua vida", escreve a editora.
A autora conta, então, a história da família Kazanci, 20 anos depois daquela decisão. A família Kazanci é uma casa apenas de mulheres, pois todos os homens morrem pelos 40 anos. Asya tem um negócio de tatuagens, outra mulher, Banu, é vidente, Feride é hipocondríaca. Os segredos da família são revelados quando uma prima arménio-americana, Armanoush, surge em visita.
Segundo a editora portuguesa, Şafak é "a autora que mais vende na Turquia, com livros publicados em mais de 40 línguas".
"Şafak mistura as tradições narrativas do Ocidente e do Oriente, dando voz às mulheres, às minorias e às subculturas", afirma a Jacarandá, chancela que começou a sua publicação em Junho no ano passado, e é dirigida por Simona Cattabiani, que, em finais de 2013, deixou a editora Civilização.
Este romance valeu à escritora uma nomeação para o Prémio Orange, na área de Ficção.
Elif Şafak nasceu em Estrasburgo, França, em 1971, é licenciada em Ciência Política e tem lecionado em várias universidades dos Estados Unidos, Reino Unido e Turquia. Tem também escrito para diversas publicações, nomeadamente The Guardian, The New York Times e The Independent.
(Fonte: RTP)
(Fonte: RTP)
sábado, 31 de janeiro de 2015
Erdal Erzincan em Portugal
Erdal Erzincan actua juntamente com o músico iraniano Kayhan Kalhor, dia 2 de Fevereiro, às 21.00 horas, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian.
O título do concerto é, Kulluk Yakisir Mi (é impróprio seguir alguém servilmente).
O projecto de colaboração entre as culturas persa e anatoliana representadas por Kayhan Kalhor e Erdal Erzincan, inclui uma gravação dividida em quatro secções de temas tradicionais intitulada "Intertwining Melodies". E é isso que fazem o kamancha iraniano (parente do violino) e o bağlama anatoliano (semelhante ao alaúde): entrelaçam melodias que ligam duas tradições musicais distintas, mas com ecos comuns da cultura musical persa - que se fez sentir também na região árabe da Turquia.
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
O Sono de Inverno de Nuri Bilge Ceylan...
Alto! Parem as máquinas porque isto é Cinema!... É o que se apraz dizer depois de se assistir a este estupendo “Sono de Inverno”, do realizador turco Nuri Bilge Ceylan, o mesmo do belíssimo “Era uma Vez na Anatólia”.
Desde a interpretação à qualidade literária dos diálogos, sem esquecer uma belíssima fotografia, em especial de interiores, tudo parece perfeito no vencedor deste ano da “Palma de Ouro” de Cannes. E os dois actores principais, Haluk Bilginer e Melisa Sözen estão, simplesmente, soberbos.
O cenário é a Capadócia, na Turquia profunda. Numa aldeia troglodita, os habitantes vivem em casas escavadas na rocha, assim se protegendo melhor do frio e do calor, consoante a época do ano. Mas estamos no Inverno, tempo duro, com a neve pintar de branco os “cones de fadas” e a dificultar a circulação dos habitantes. É tempo de hibernar, de ficar por casa junto à lareira, usando o tempo livre para questões mais pessoais… E é aqui que os problemas emergem. Como em qualquer sociedade, há ricos e pobres, há novos e velhos, há diferentes perspectivas do que é a Vida…
Aydin, a personagem central, é dono de um hotel e de inúmeras propriedades arrendadas, é rico, gosta de livros e de escrever, já foi actor e está casado com Nihal, uns vinte anos mais nova. A experiência dos anos faz toda a diferença, quer na forma como Aydin aborda as dificuldades com um arrendatário faltoso quer no seu relacionamento com a jovem esposa.
São dimensões mentais e processos de maturação interior opostos, mas são também exemplos simbólicos das reacções e das relações humanas perante a realidade material e a realidade imaterial. Aliás, o ponto de vista do filme é sempre o de Aydin, como o próprio realizador expressamente nos transmite num dos planos iniciais, ao fazer a câmara entrar na cabeça da personagem. Aydin tem-se em conta, acha-se esclarecido e até o é, mas não é exactamente essa a imagem que os outros têm dele, incluindo a sua mulher e a sua irmã.
Habilmente, o realizador Nuri Ceylan ergue vários pólos à volta de Aydin, cuja interligação constitui o motor da trama de “Sono de Inverno”.
Não é comum verem-se referências, expressas e tácitas, a Dostoievsky, a Shakespeare, Tchekov ou a Moliére num filme contemporâneo, como as que aqui temos. Como também não é comum assistir-se a uma discussão de meia-hora, tensa e profunda mas surpreendentemente serena, entre um casal. Não há berros, não há insultos, não há agressões, mas sim um homem e uma mulher em sucessivas trocas de argumentos, de olhares, de queixas, de dores. Este diálogo, à lareira (o “lar”…) entre Aydin e Nihal dura, repito, uma boa meia-hora, ininterrupta, e não há sombra de tédio neste momento cinematográfico absolutamente brilhante. E que dizer noutro momento magistral, aquele em que um criador de cavalos tenta tirar da água um equídeo selvagem, acabado de ser capturado, que procura desesperadamente libertar-se? O ser vivo procura sempre a liberdade mas será que, em nós, humanos, a existência da razão é a nossa verdadeira prisão? E será que o Amor é a chave da libertação? No final, o «velho» Aydin, encontra a resposta.
O ritmo do filme é lento, mas não aborrecido. É preciso tempo para as ideias assentarem, é preciso tempo para percepcionarmos o que estamos a ver, é preciso tempo para saborear a vida. São filmes destes que ainda fazem acreditar no poder do cinema, na sua capacidade de nos fazer ver em como estamos vivos e o quão maravilhoso isso é. Obrigatório.
Fonte: Público (Pedro Brás Marques)
quinta-feira, 8 de janeiro de 2015
Elif Şafak já tem livro editado em Portugal
"A Bastarda de Istambul" é o primeiro livro de Elif Şafak editado em Portugal. A escritora turca é aclamada pela crítica como uma das vozes mais originais da literatura contemporânea, tanto em língua turca como em língua inglesa. A obra foi nomeada para o Orange Prize for Fiction. "Um verdadeiro prazer", escreveu o The Times.
"Numa tarde de chuva em Istambul, uma mulher entra num consultório médico. 'Preciso de fazer um aborto', declara. Tem dezanove anos de idade e é solteira. O que acontece naquela tarde mudará para sempre a sua vida."
(Fonte: Diário Digital)
quarta-feira, 7 de janeiro de 2015
"Sono de Inverno" estreia em Portugal a 8 de Janeiro
Palma de Ouro do Festival de Cannes este ano, "Sono de Inverno" coloca novamente o nome do realizador turco Nuri Bilge Ceylan em voga, após o saudoso "Era uma Vez na Anatólia" (2011). Uma obra densa, tanto a nível emocional como filosófica.
Actor reformado, Aydin é o responsável por um hotel na Anatólia Central, onde vive com a jovem esposa Nihal e com a irmã Necla. É precisamente o hotel que acaba por ser o palco da vida dos três, ainda mais quando o Inverno assola a região. Como a neve que cai sobre o local, os conflitos caem um atrás dos outros ao longo do filme, numa “tempestade” que é no entanto brilhantemente gerida por Nuri Bilge Ceylan.
O realizador turco aborda essencialmente um tema: o poder, embora nas suas mais variadas formas (matrimonial, familiar, social, etc.). Tudo fica exposto precisamente quando o Inverno chega. Antes, com a possibilidade de locomoção, os ressentimentos ficam guardados, à espera de uma oportunidade para surgirem sem piedade, o que acontece precisamente na época mais fria do ano. É como se, de repente, alguém acendesse o rastilho e tudo viesse para fora, com cada um a mostrar os seus mais profundos traumas e rancores.
"Sono de Inverno" é uma obra onde a palavra, a conversa impera. São conversações longas, sem pressas, pausadas mas também furiosas, conversações que desenrolam em habitações mal iluminadas, já que os quartos e os aposentos do hotel são no interior de cavernas. É na “escuridão” de cada local que as conversas surgem, com Nuri Bilge Ceylan a apresentar um manual de realização, já que muitas vezes prescinde da imagem e dá vez à palavra, algo nem sempre fácil de alcançar.
Não se sai incólume após cada conversação, é como se estivéssemos num ringue de boxe. Cada diálogo é um “soco”, mas com dois combatentes que não desistem. Há sempre uma réplica por apresentar, o KO dificilmente ocorre. Este “combate” é extenuante e portanto exige “disposição física” por parte do cinéfilo, não estamos perante uma obra de fácil digestão. As palavras calcam e Nuri Bilge Ceylan assim comprova, ainda mais quando o ego acaba por dominar as nossas acções, onde a moralidade tem apenas uma face de uma moeda. O problema é admitir que falta o outro lado da mesma…
Ficha técnica:
Título: "Sono de Inverno"
Título original: "Kis uykusu"
Realização: Nuri Bilge Ceylan
Elenco: Ayberk Pekcan, Demet Akbag, Haluk Bilginer, Melisa Sözen e Nejat Isler
Género: Drama
Duração: 196 minutos
País: Turquia
Ano: 2014
Título original: "Kis uykusu"
Realização: Nuri Bilge Ceylan
Elenco: Ayberk Pekcan, Demet Akbag, Haluk Bilginer, Melisa Sözen e Nejat Isler
Género: Drama
Duração: 196 minutos
País: Turquia
Ano: 2014
Fonte: Diário Digital (Pedro Justino Alves)
Subscrever:
Mensagens (Atom)