sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

O Natal e o Ano Novo na Turquia

O Natal na Turquia
Pai Natal na montra de uma loja em Ancara

A Turquia, como país muçulmano que é, não celebra o Natal. No entanto, muitos dos símbolos do Natal, como o Pai Natal, a árvore de Natal e as iluminações típicas do Natal já enfeitam as montras de algumas lojas e estão espalhados pelo interior e exterior dos centros comerciais.

O Natal na Turquia
Árvore de Natal na entrada de um centro comercial de Ancara

Estas decorações marcam a chegada, não do Natal, mas sim do Ano Novo. Também se encontram à venda todos os enfeites típicos do Natal, e alguns Turcos muçulmanos fazem a árvore de Natal nas suas casas para receberem o Ano Novo. Também é tradição a troca de presentes no Ano Novo.

Meias de Natal
Meias de Natal com motivos dos tapetes turcos

O Natal na Turquia
Enfeites de Natal no interior de um centro comercial de Ancara

Vive na Turquia uma minoria cristã com relativa expressão que celebra o Natal e cumpre as suas tradições, composta na sua maioria por cristãos ortodoxos que celebram o Natal no dia 7 de Janeiro.
Algumas igrejas estão encerradas ao culto e funcionam como museu. No entanto, existem diversas igrejas onde os cristãos podem praticar o seu culto e cumprir o seu calendário litúrgico, nomeadamente o Natal. Istambul tem várias igrejas abertas ao culto, enquanto que em Ancara praticamente só existem as que funcionam nos jardins de algumas embaixadas. Este ano o Ministério da Cultura decidiu abrir também ao culto a igreja de São Nicolau, em Demre, na província de Antália.

O Natal na Turquia
Pais Natal vendem lotaria do Ano Novo no interior de um centro comercial de Ancara

A Turquia tem mais a ver com o Natal do que aquilo que geralmente se pensa, e até do que aquilo que os próprios Turcos pensam. O São Nicolau, que inspirou a figura do Pai Natal, nasceu e viveu no século IV na Turquia, mais precisamente em Demre, na costa do Mar Mediterrâneo. Também a primeira celebração do Natal teve lugar na Turquia.

O Natal na Turquia
Montra de loja num centro comercial de Ancara

No entanto, actualmente, quer o dia 25 de Dezembro para os católicos, quer o dia 7 de Janeiro para os ortodoxos, passa praticamente despercebido na Turquia, sendo ambos dias normais de trabalho.
Em termos de gastronomia turca para o Natal, não há obviamente nada a destacar. Nos dia 24 e 25 de Dezembro e nos dias 6 e 7 de Janeiro, vários pratos típicos da quadra e de diversas regiões do mundo, vão encher as mesas de várias casas espalhadas pela Turquia.

Ver também: O Pai Natal nasceu e viveu na Turquia e mais fotos sobre este tema.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

O Festival do Sacrifício (Kurban Bayramı)


Começa amanhã o Festival do Sacrifício (Kurban Bayramı), celebrado nos países muçulmanos dois meses e 10 dias depois do Festival do Ramadão ou Festival dos Açúcar (Ramazan Bayramı / Şeker Bayramı).
Esta celebração dura quatro dias, e este ano começa amanhã, dia 20, e prolonga-se até ao dia 23. Durante esse período, principalmente no primeiro dia, é morto um sem número de cordeiros, mas também vitelas, vacas, carneiros e até camelos, em louvor a Deus e para alimentar os pobres. Actualmente esta prática costuma decorrer em estabelecimentos próprios para o efeito, até porque deixou de ser legal abater os animais à porta de casa ou na via pública. No entanto, nas aldeias e pequenas vilas, quase todas as pessoas abatem os animais à porta de casa.
Esta tradição tem origem na história bíblica do sacrifício do filho de Abraão. Consta no Pentateuco que, certo dia Abraão teve um sonho que lhe revelou que tinha de sacrificar a Deus o seu filho Isaac. Abraão decidiu obedecer, mas tratava-se apenas de um teste à sua fé. No último momento, quando este se preparava para matar o filho, um anjo pediu-lhe para parar e deu-lhe um cordeiro para este sacrificar a Deus.
Os muçulmanos mantêm a tradição de Abraão no sentido literal, abandonada pelos judeus e pelos cristãos. Dão grande importância à história do sacrifício do filho de Abraão, em redor da qual giram as festividades do Kurban Bayramı. Mas existe uma diferença interessante na versão islâmica: para os muçulmanos, o filho de Abraão a ser sacrificado é Ismael e não Isaac, porque Ismael é considerado o pai dos muçulmanos, ao passo que Isaac é considerado pai dos judeus. Contudo, o Corão nunca menciona nenhum dos dois nomes, o que torna esse facto não totalmente consensual.

No ritual do Kurban Bayramı, todos os muçulmanos adultos com alguma riqueza devem sacrificar um animal. Muitas vezes, várias famílias juntam-se e compram um mesmo animal. O animal pode ser comprado várias semanas antes e ser alimentado no quintal ou jardim até ao dia do sacrifício. Um terço da carne deverá ser para consumo próprio, e a restante deverá ser distribuída pelos vizinhos e familiares e, principalmente, pelos pobres. Com a carne resultante do sacrifício, a família reune-se à volta da mesa e o espírito é semelhante ao do Natal, por exemplo. Eventualmente podem também ser convidados vizinhos e amigos. Para muitas famílias que vivem em dificuldades, esta é a única altura do ano em que têm abundância de carne à mesa. Contudo, esta tradição tem decrescido na Turquia nos últimos anos, por razões ideológicas ou por preocupações com os direitos dos animais. Os media turcos têm criticado as “cenas sangrentas” nas grandes cidades, olhadas como um embaraço para a Turquia moderna. Para os Turcos mais “refinados”, os ritos do Kurban Bayramı são retrógrados e repulsivos. Outros Turcos mais conservadores criticam a perda do sentido religioso do Kurban Bayramı. Durante estas mini-férias, muitos Turcos viajam para fora do país ou para as estâncias mais turísticas dentro do próprio país.
O outro bayram também é um pouco controverso. Enquanto que os Turcos conservadores preferem chamá-lo de Festival do Ramadão, os Turcos seculares preferem denominá-lo de Festival do Açúcar. Há quem veja nesta controvérsia uma dicotomia entre o mundo urbano e o mundo rural. Na Turquia dos alvores da República, a religião preservava-se principalmente no campo, e existia um oásis de vida moderna nas cidades praticada por uma élite. Nos anos 50, e principalmente a partir dos anos 80, deu-se uma migração maciça das aldeias e pequenas vilas para as metrópoles. Os que vieram das aldeias e que costumavam celebrar o Kurban Bayramı e sacrificar os animais à porta de casa e nos campos contíguos, fazem-no agora perto das auto-estradas e nas ruas.
Também não é consensual entre vários teólogos a realização deste sacrifício anual, que se realiza ao mesmo tempo da peregrinação anual a Meca, até porque, ao contrário desta última, não aparece clarificado no Corão.
Sacrifícios à parte, esta celebração tem uma vertente muito social e, claro está, gastronómica. Neste aspecto tudo é muito semelhante ao que se passa no Festival do Ramadão ou dos Doces.
É a altura em que muitos Turcos visitam a família, começando pelos familiares mais velhos e prosseguindo depois com as visitas aos vizinhos e amigos. O importante é que os mais velhos sejam visitados primeiro pelos mais novos.
É praticamente uma regra oferecer aos “convidados” e às crianças que batem às portas, rebuçados e chocolates. Os doces, como o lokum e a baklava, são reis nas mesas nestes dias, assim como os börek, os rolinhos de folhas de videira (sarma), entre outros, que se oferecem às visitas que vão aparecendo. Em resultado da abundância de carne nestes dias, são também confeccionados pratos de carne típicos da culinária turca.
A frase mais ouvida nestes dias é iyi bayramlar, ou seja, boas festas!

Ver também:

domingo, 16 de dezembro de 2007

Yekta Kara dirige versão arrojada da ópera "Carmen" que passou ontem por Lisboa


A ópera em versão monumental regressou ontem às 21h30 ao Pavilhão Atlântico, em Lisboa, com a produção "Carmen". Trata-se de uma versão considerada “arrojada e inovadora” da obra-prima de Georges Bizet, dirigida por Yekta Kara, directora artística da Ópera e Bailado de Istambul.
Este espectáculo monumental, em digressão desde Outubro, apresenta em palco 70 músicos da Orquestra Filarmónica de Lemberg e 60 cantores do Coro Nacional da Ucrânia, acompanhados por um elenco que reúne cerca de 30 actores e bailarinos, entre os quais se incluem cinco crianças.

(Fonte: Correio da Manhã)

Turquia, Brasil e Portugal presentes no VI Festival Internacional de Bonecos de Brasília


Desde o dia 11 de Dezembro que a capital brasileira, Brasília, está a receber, pela sexta vez, as novidades do mundo dos bonecos.
Representantes da Turquia, Itália, Portugal, Espanha, Argentina e Venezuela estão a participar no VI Festival Internacional de Bonecos de Brasília, que decorre até hoje no Teatro Funarte Plínio Marcos e na tenda armada na área externa do Complexo Cultural da Funarte.
Além dos bonecos internacionais, participam grupos de 10 Estados brasileiros e grupos do Distrito Federal. Além dos espetáculos, também estão patentes exposições permanentes, de marionetas, mamulengos e outros tipos de bonecos. Outras atracções são a cozinha tradicional, com pratos preparados em fogão a lenha, os shows do Grupo Casa de Farinha, as rodas de conversa, para integrar artistas e público, e também danças folclóricas brasileiras.
(Fonte: Funarte)

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Ciclo de Cinema Turco na Faculdade de Letras da Universidade do Porto

A Associação de Amizade Luso-Turca, em parceria com a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, está a organizar um "Ciclo de Cinema Turco" no Auditório Nobre da mesma Faculdade.


Começou na segunda-feira com o filme "Mutluluk" e continuará na quarta- feira com "Gönül Yarası", quinta-feira com "Kurtlar Vadısı - Iraq" e sexta-feira, sessão dupla, com "İlklimler" e "Babam ve Oğlum".



A entrada é gratuita e as exibições começam às 19.30 horas.

sábado, 8 de dezembro de 2007

Por que escreve Orhan Pamuk...


"Como sabem, a pergunta que mais fazem a nós escritores, a pergunta predilecta, é: por que escreve? Escrevo porque tenho uma necessidade inata de escrever! Escrevo porque sou incapaz de fazer um trabalho normal, como as outras pessoas. Escrevo porque quero ler livros como os que eu escrevo. Escrevo porque sinto raiva de todos vocês, sinto raiva de todo mundo. Escrevo porque adoro passar o dia à mesa a escrever. Escrevo porque só consigo participar da vida real quando a modifico. Escrevo porque quero que os outros, todos nós, o mundo inteiro, saibam que tipo de vida nós vivemos, e continuamos a viver, em Istambul, na Turquia. Escrevo porque adoro o cheiro do papel e da tinta. Escrevo porque acredito na literatura, na arte do romance, mais do que em qualquer outra coisa. Escrevo porque é um hábito, uma paixão. Escrevo porque tenho medo de ser esquecido, porque gosto da glória e do interesse que a literatura traz. Escrevo para ficar só. Talvez escreva porque tenho a esperança de entender por que sinto tanta, tanta raiva de todos vocês, tanta, tanta raiva de todo mundo. Escrevo porque gosto de ser lido. Escrevo porque depois de começar um romance, um ensaio, uma página, quero sempre chegar ao fim. Escrevo porque todo o mundo espera que eu escreva. Escrevo porque tenho uma crença infantil na imortalidade das bibliotecas, e na maneira como meus livros são dispostos na prateleira. Escrevo porque é animador transformar todas as belezas e riquezas da vida em palavras. Escrevo não para contar uma história, mas para compor uma história. Escrevo porque desejo escapar do presságio de que existe um lugar para onde tenho de ir mas ao qual – como num sonho – nunca chego. Escrevo porque jamais consegui ser feliz. Escrevo para ser feliz."

Orhan Pamuk, em Babamın Bavulu (2007). Este livro reúne dois discursos do escritor turco: um deles ao receber o Prémio Nobel da Literatura em 2006, e o outro ao receber o prémio Friedenspreis em 2005. Inclui ainda um texto proferido na Conferência Puterbaugh em 2006.

Este livro encontra-se traduzido no Brasil com o título A Maleta do Meu Pai, editado pela Companhia das Letras em 2007.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mais um livro de Orhan Pamuk traduzido para Português


O Meu Nome é Vermelho (Benim Adım Kırmızı, 1999), Editorial Presença (2007)
Trata-se de uma obra largamente premiada: Internacional IMPAC Dublin Literary Award (2003); Prémio do Melhor Livro Estrangeiro (França, 2002); Premio Grinzane Cavour (Itália, 2002).
Em Istambul, nos últimos anos do século XVI, o Sultão encomenda um livro secreto que magnificamente celebre a sua vida e o seu império. São convocados os mais célebres miniaturistas otomanos para iluminarem o livro. Um crime é cometido.
O romance, narrado numa polifonia de vozes, abre com as reflexões do homem que foi assassinado, depois, outros narradores se lhe seguem. O leitor encontrará inesperadas personagens-narradoras não isentas de irónica provocação. Um livro estruturado em múltiplos níveis, mesclando enredo policial, intriga amorosa, e puzzles filosóficos.

Ver aqui mais obras de Orhan Pamuk traduzidas para Português.

Escritores turcos traduzidos para Português: Nâzım Hikmet

Poemas da Prisão e do Exílio, Nâzım Hikmet - Editorial & Etc (2000)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Escritores turcos: Elif Şafak

Elif Şafak (Estrasburgo, 1971) tem os seguintes livros publicados:


Siyah Süt, 2007


Baba ve Piç, 2006 (traduzido para Inglês como The Bastard of Istanbul, 2006)

Med-Cezir, 2005

Araf, 2004 (traduzido para Inglês como The Saint of Incipient Insanities, 2004)

Beşpeşe, 2004 (escrito em conjunto com Murathan Mungan, Faruk Ulay, Celil Oker e Pınar Kür)

Bit Palas, 2002 (traduzido para Inglês como The Flea Palace, 2005)

Mahrem, 2000 (traduzido para Inglês como The Gaze, 2006)

Şehrin Aynaları, 1999

Pinhan, 1997

Kem Gözlere Anadolu, 1994

Publicou as seguintes obras em Alemão:

Spiegel der Stadt

Die Heilige des Nahenden Irrsinns